sábado, 10 de setembro de 2011

Ônus dividido


Sem vencer há sete partidas no Campeonato Brasileiro, o Flamengo se vê, a cada dia que passa, mais distante da luta pelo heptacampeonato nacional. Intitulado como “Bonde do Mengão sem freio” no início do ano, a equipe rubro-negra perdeu força e sofre com uma série de problemas, que vão desde lesões a crises de relacionamento.

Responsável pelo padrão de jogo que impulsionou o Flamengo no primeiro semestre, Luxemburgo não tem conseguido contornar os seguidos problemas que assolaram a Gávea ultimamente. A começar pelos problemas físicos. Diante de um elenco recheado de bons jogadores, o técnico rubro-negro perdeu algumas de suas principais peças por lesões – casos de Airton e Alex Silva. É fato que o zagueiro, recém chegado, ainda não teve uma seqüencia de jogos pelo Flamengo, mas impunha respeito e dava tranqüilidade ao meio campo. Mas a perda de Airton parece ter sido a mais sentida pelo Mais Querido. Volante aguerrido e com boa saída de bola, Airton fazia com perfeição a função de primeiro volante, liberando Willians para o jogo e evitando que o Pitbull rubro-negro se sobrecarregasse no combate direto. E ainda temos o caso do jovem Luiz Antônio, que acabou se tornando excelente opção para o setor defensivo, mas que depois das sucessivas lesões nos ombros, foi operado e só retorna em 2012.

Independente dos problemas físicos, Luxemburgo tem grande parcela de culpa no péssimo momento vivido pelo Flamengo. Acostumado a armar grandes times ao longo da carreira, Luxa não tem conseguido corrigir os erros da equipe rubro-negra e, pior, não tem tido postura de técnico vencedor. Com seguidas substituições equivocadas e a manutenção de alguns titulares claramente em mau momento, Vanderlei já não conta com o apoio de boa parte da torcida e começa a ver seu cargo a perigo. A partida contra o Corinthians, na última quarta-feira, foi sintomática. Covarde e sem ímpeto ofensivo, o Flamengo mais parecia um time pequeno diante de um gigante europeu. Se defendeu durante a maior parte do tempo, marcou um gol em lance isolado e sofreu a virada de forma justa e implacável, aos 43 minutos do segundo tempo. Ao fim do cotejo, coube a Luxemburgo por uma pá de cal nas esperanças rubro-negras: “Nosso objetivo é a Libertadores”, disse o treinador. O torcedor pode até ser iludido, passional, mas não é burro. As desculpas esfarrapadas de Luxa já não encontram mais ressonância. Para o torcedor que há pouquíssimo tempo disputava o título, se contentar com uma vaga na Libertadores é pensar pequeno, é dar as costas para tudo que significa ser Flamengo.

Por outro lado, é importante também fazer uma reflexão sobre o péssimo momento vivido por alguns dos principais jogadores do elenco. Não é justo e tampouco inteligente colocar na conta de Vanderlei Luxemburgo a culpa pelas atuações patéticas dos últimos tempos de jogadores como Léo Moura e Thiago Neves, por exemplo. Antes fundamentais e decisivos, a dupla apenas faz número em campo atualmente. Sem marcar gols há 9 jogos, Thiago Neves é, ao meu ver, a grande decepção do momento. Com atuações sofríveis e ainda assim convocado para a seleção brasileira – ao lado de Renato Abreu e Ronaldinho –, o ex tricolor perdeu a confiança, se lesionou e ainda luta para reencontrar o bom futebol que o elevou a ídolo instantâneo da exigente Nação rubro-negra. Já a situação de Léo Moura me parece mais definitiva. Com 32 anos e 352 partidas pelo Flamengo, o lateral parece ter entrado numa fase de declínio na carreira. Muito talentoso e identificado com a torcida, Léo Moura não é decisivo há tempo e sequer tem conseguido ser efetivo no setor defensivo. Mas sem um reserva à altura – Galhardo nunca se destacou quando teve oportunidade –, o experiente lateral vai se mantendo titular no Flamengo, apesar das atuações patéticas. Que ele não siga o caminho do lateral esquerdo Juan.

Por fim, mas não menos importante, não há como fechar os olhos para a crise de relacionamento que, aos poucos, toma conta da Gávea. Insuflado pelo jejum de vitórias, o ambiente no Ninho do Urubu já não é dos mais amenos. Com sucessivos pequenos focos de insubordinação – o último deles o malfadado caso do pum –, é cada vez mais difícil o dia a dia de trabalho no Flamengo. Não é surpresa para ninguém que um grupo com quase 40 jogadores, muitos deles estrelas do mundo da bola, sofra eventualmente com problemas disciplinares. Mas o egocentrismo de Vanderlei Luxemburgo aumenta e muito as insatisfações do grupo, o que acaba criando mal estar generalizado. Como tudo no futebol gira em torno da vitória, do resultado, a esperança da maior torcida do Brasil é que o time se reencontre na temporada, volte a vencer e espante mesmo que provisoriamente, a crise que insiste em permanecer na Gávea.

Pablo dos Anjos
Twitter: @PabloWSC
 
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