sábado, 17 de setembro de 2011

Copa dos Campeões 2001 - Emoção de uma criança




Eu tinha exatamente 10 anos. Brincava de Pique - Esconde na rua, rodava peão, jogava bolinha de gude, soltava pipa em cima da laje dos vizinhos e vivia arrumando confusão nos campinhos de futebol na praça próxima a minha casa. Exatamente em Campo Grande, Rio de Janeiro.
Dias 07 e 11 de Julho de 2001, dias inesquecíveis, até para um pequeno garoto de 10 anos, sem muita noção da vida ou se quer de futebol.
Copa dos Campeões. Foi criada para determinar o quarto representante brasileiro na Libertadores do ano a seguir.
Flamengo e São Paulo foram os finalistas daquele ano.
O Flamengo vinha do primeiro jogo, na Paraíba, com o placar de 5x3, um jogo exuberante, com altos e baixos. Só quem viu e quem é Flamengo, sabe explicar.
Parecia um jogo fácil, Edilson abriu o placar aos 14 minutos do primeiro tempo.
Dois minutos depois, Luis Fabiano deixou tudo igual para o time paulista.
Eram apenas 16 minutos de jogo e muito futebol jogado.
Muita pressão do Flamengo sobre o São Paulo.
Aos 25 minutos, dentro da pequena área, em um cruzamento de Pet, Edílson acerta uma bela bicicleta em direção a Reinaldo, que só tem o trabalho de empurrar com uma cabeçada, estilo matador.
Com 36 minutos, tinha tempo para mais. Reinaldo acerta um passe entre 3 jogadores do São Paulo, que vai parar nos pés de Beto, que só coloca no canto direito do goleiro.
Terminava o primeiro tempo e o placar era São Paulo 1 x 3 Flamengo.
Todos podiam pensar que já estava acabado, que seria fácil. Mas não podiam acreditar no que viria a seguir.
Aos 12 minutos do segundo tempo, uma das trocas de passes mais rápidas e objetivas da história do Flamengo. Arrancada pelo meio com Pet, passe para Reinado que, de primeira, acha Edilson. Com sorte, a bola bate nele junto ao zagueiro e corre para o gol, sem chances de defesa para o goleiro. GOL. 4x1. Acabou? Que nada, apenas começou!
Após o gol do Edilson, ninguém sabe explicar até hoje, nem mesmo os São Paulinos, o que aconteceu com aquele time. Foi para cima e buscou a vitória. Só dava São Paulo.
Poucos minutos depois, Rogério Pinheiro, no escanteio, subiu mais alto e cabeceou para o gol. 4x2.
Era bola na trave do Flamengo, no travessão, defesas lindas de Júlio César, e só dava São Paulo.
Em mais um escanteio, aos 26 minutos do segundo tempo, bobeada da defesa rubro negra e Luís Fabiano fazia o 7º gol dele na Copa, tornando-se assim o artilheiro da competição.
A torcida do Flamengo e o próprio Zagallo, aparentavam uma expressão de medo, de arrepio, de EMOÇÃO.

Mas o Flamengo tinha ele, o capetinha, um dos atacantes mais rápidos e objetivos da época. Um dos jogadores que mais deram alegria para a Nação Rubro Negra.
EDÍLSON.
Aos 34 minutos do segundo tempo, ele arranca com a bola, dá um drible sensacional no zagueiro, chuta, e mais uma vez contou com a sorte. A bola resvala em Rogério Pinheiro, engana o goleiro e entra. São Paulo 3 x 5 Flamengo.
E assim terminava o primeiro jogo da decisão.
Me lembro como se fosse hoje, eu com uma camisa do Flamengo muito antiga, desgastada e até rasgada, sai gritando pela rua “É CAMPEÃO”. Eu estava feliz.
Para um menino, um placar de 5x3 já significava título, não foi o que aparentou no segundo jogo.
O segundo jogo, foi um dos mais emocionantes da minha vida. Lembro como se fosse hoje. Eu venerava antes do jogo os meus ídolos Edílson e Pet, torcia para que fosse o dia deles.
Dia 11 de Julho de 2001, em Maceió, domínio Rubro Negro nas arquibancadas novamente.
Assisti ao jogo todo, ajoelhado em frente a uma televisão velha e única em minha casa.
O começo era inexplicável, era lá e cá, chances para ambos os times.
Eu estava ficando aflito e com medo. Jogadas bonitas e muitos dribles de ambas as partes. Aos 39 minutos do primeiro tempo, ainda garoto, Kaká brilhou. Com uma jogada sensacional e um drible mais perfeito ainda, apenas colocou a bola no canto esquerdo de Júlio César.
Após o gol comecei a roer as unhas, algo dizia dentro de mim que iria dar errado. O São Paulo ainda precisava de 2 gols para levar a decisão para os Pênaltis.
Fim do primeiro tempo.
O segundo tempo começou com mais emoção para os Rubro Negros. Logo aos 2 minutos, o mágico da bola parada, em uma falta do lado direito do campo, Pet cruzou e achou Juan que saltou com tudo para cabecear. Mais alívio para os Pulmões Flamenguistas.
Parecia que tudo já estava ganho, no placar agregado estava 6x4 para o Flamengo.
Podia ficar melhor? Com certeza!
Aos 13 minutos, uma falta antológica para o Fla. Aparentemente no mesmo lugar, onde a 2 meses atrás, Pet fez o gol do Tri contra o Vasco. Zagallo rezava, eu rezava, a NAÇÃO rezava. E inacreditavelmente do mesmo jeito, Pet marcava para o Fla. UM GOLAÇO.
2x1 para o Flamengo e na somatória 7x4.
A pressão do Flamengo deixava claramente os jogadores do São Paulo perdidos, e por reclamação, o artilheiro da competição, Luís Fabiano, foi expulso.
Mesmo com um a menos o jogo ficava dramático. Aos 20 do segundo tempo, Juan atropela Júlio Baptista, dentro da área e o juiz marca pênalti. França cobra e marca para o São Paulo.
O Flamengo ia para cima do São Paulo, mas parava em Rogério Ceni.
E com mais uma boa chance, um excelente chute de França, e um golaço para o São Paulo.
O agregado mostrava 7x6 e uma sensação de medo e emoção ao mesmo tempo dentro de mim. Eu chorava desesperadamente, esperando o fim da partida. Não só eu como muitos torcedores alucinados pelo Flamengo.
No final, Fabiano, do São Paulo, foi expulso por reclamação. Não havia dúvidas, o Flamengo era CAMPEÃO DA COPA DOS CAMPEÕES.

Naquele dia eu virei fã do Zagallo. Eu, garoto ingênuo, chorava junto com ele. O velho lobo sendo campeão com o seu time de coração em sua terra natal, Maceió.
Mesmo pequeno, hoje eu lembro, um jogo que me emocionou ao extremo, chorava sem entender o porquê, aflito e com medo da derrota.
Mas... Flamengo é Flamengo!
Luã Gouveia Maia.


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